Review: Ghost of Yotei honra e melhora tudo do seu antecessor e mostra um potencial incrível para o console Playstation 5.
Desenvolvedor: Sucker Punch Productions
Plataformas: PS5
Gênero: Ação e aventura
Data de Lançamento: 2 de Outubro de 2025
Após cinco anos de Jin Sakai em Ghost of Tsushima, onde a Sucker Punch trouxe uma história real para um contexto ficcional, o estúdio decide apostar novamente em outro jogo de samurai. Dessa vez, Ghost se torna uma franquia, trazendo uma jornada não baseada em fatos reais, mas sim em algo que já conhecemos e que foi abordado inúmeras vezes na indústria do entretenimento: a vingança.
Mas, apesar de ser uma premissa clichê, será que a criadora da famosa franquia Infamous conseguiu entregar uma “continuação” digna do seu antecessor?
INTRODUÇÃO
Atsu é nossa protagonista — um Ronin em busca de vingança pela morte de sua família.
O jogo começa com um flashback, no qual vemos Atsu ainda criança presenciando o massacre de sua família pelo grupo conhecido como Os Seis de Yōtei. A partir daqui, não entraremos em mais detalhes da história para evitar possíveis spoilers.
ENREDO E NARRATIVA
Aqui temos uma estrutura não linear de mundo aberto, onde praticamente tudo é representado por cartas. O mais interessante é que cada carta tem uma arte única, e o jogo nos dá liberdade para escolher o que queremos fazer — embora existam algumas exceções. Comparado ao primeiro jogo, Ghost of Yōtei é bem mais livre.
A narrativa é composta por várias camadas, sendo as principais o passado e o presente. Em nossa casa, existe uma mecânica de flashback que nos permite reviver memórias familiares. É nesse momento que conhecemos melhor nossa protagonista e aprendemos diversas habilidades que serão úteis na jornada: desde melhorar armas na forja até tocar o shamisen, instrumento que se torna importante mais adiante.
Além disso, os flashbacks cumprem o papel essencial de aprofundar a conexão emocional de Atsu com sua família e desenvolver melhor esses personagens.
Como a vingança é o tema central, o jogo aborda de forma séria o preço da vingança e o ciclo do ódio. Mas, diferente de The Last of Us Part II, onde há visões diferentes de sobreviventes, aqui o vilão é realmente um vilão.
GAMEPLAY
Chegamos à parte mais importante de um jogo: a gameplay.
Aqui temos uma base muito parecida com Ghost of Tsushima, mas com personalidade própria.
Começando pelas armas — no primeiro jogo, tínhamos posturas diferentes para a katana, voltadas para tipos específicos de inimigos. Agora, temos armas variadas, o que, na minha opinião, deixou o combate mais interessante e aumentou o fator replay.
Cada arma pode ser aprimorada e há árvores de habilidades tanto para elas quanto para a própria personagem. O equilíbrio aqui é muito bom. Em muitos jogos com múltiplas armas, acabamos não utilizando todas da forma ideal, mas Ghost of Yōtei resolve isso muito bem: ele nos incentiva a variar, sem forçar. Isso acontece naturalmente através da variedade de inimigos.
Você até pode usar a katana contra adversários que pedem outra arma, mas a dificuldade será bem maior.
Outro ponto que evoluiu bastante foi a travessia do mapa. Escalar, pular e usar o gancho continuam presentes, mas agora de forma mais dinâmica. Explorar nunca cansa — tudo é rápido, fluido e divertido.
Temos também armas de longo alcance, incluindo uma arma de fogo, e o retorno dos itens de utilidade, como bombas de fumaça e kunais. As seções de stealth continuam sólidas, agora com o acréscimo de uma arma específica que traz novas possibilidades.
Durante a jornada, desbloqueamos armaduras que afetam a gameplay e podemos montar builds personalizadas combinando amuletos — outro retorno bem-vindo do primeiro jogo.
DESEMPENHO
Diferente do primeiro jogo, que teve alguns problemas visuais e de taxa de quadros no lançamento, Ghost of Yōtei dá uma aula de otimização.
No PS5, o jogo oferece três modos gráficos, enquanto o PS5 Pro conta com quatro modos. O mais impressionante, porém, é a inclusão de Ray Tracing, algo inédito para o estúdio.
Mas o diferencial está no uso inteligente da tecnologia: em vez de aplicar o efeito em tudo (como muitos jogos em Unreal Engine 5 fazem), a Sucker Punch o utiliza para melhorar a iluminação global — e o resultado é fantástico.
Segundo a análise da Digital Foundry, o modo Ray Tracing no PS5 Pro mantém 60 FPS estáveis, algo impressionante. É, sem dúvida, o jogo mais polido e bem otimizado do estúdio até hoje.
Tive minha experiência com o PS5 base e, em nenhum momento, encontrei problemas de queda de frame ou bugs gráficos. Testei um pouco os modos Ray Tracing e Qualidade, que entregam exatamente o que se propõem a oferecer. Porém, na minha visão, a melhor opção para quem for jogar no PS5 base é o Modo Desempenho.
Aproveitando que estou falando sobre desempenho, tudo isso fica ainda mais impressionante quando levamos em consideração a beleza do jogo, seus efeitos visuais, a velocidade dos loadings e a transição durante as mecânicas de flashback. Tudo é extremamente rápido — telas de carregamento aqui praticamente não existem.
Essa franquia é conhecida mais por sua beleza visual do que pela gameplay — e isso não é um demérito. A alma do jogo está na sua arte.
Em Ghost of Yōtei, tudo evoluiu: a direção de arte, a trilha sonora e o design de som são impecáveis.
Voltamos a um mundo amplo, agora potencializado pelo PS5. Campos floridos se estendem por quilômetros, com flores de diferentes cores criando uma harmonia visual incrível. A iluminação, as partículas no ar e o nível de detalhe são de cair o queixo. Tudo o que Tsushima já fazia bem, aqui foi ampliado e refinado.
A trilha sonora é outro destaque. No primeiro jogo, ela era boa, mas pouco memorável. Já em Yōtei, ela tem um papel fundamental na narrativa, especialmente nos momentos emocionais. O uso de músicas com tradução durante cenas importantes dá muito mais peso e impacto.
Algumas das melhores faixas são:
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🔵 Ghost of Yōtei
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🔵 The Yōtei Six
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🔵 Atsu’s Theme (feat. Claire Uchima)
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🔵 Oyuki Theme
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🔵 Mother’s Song (feat. Claire Uchima)
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🔵 Wrath of the Ghost
O design de som também é um espetáculo.
Tudo soa coeso e detalhado: o barulho da chuva muda conforme o tipo de superfície, e o som dos passos, objetos e ambiente é natural e dinâmico. Recomendo fortemente jogar com um fone 3D, pois a imersão aumenta muito.
Nas cutscenes principais, o salto de qualidade é notável. Podemos ouvir desde passos sutis até conversas ao fundo e sons típicos de filmes samurais. Tudo é extremamente cinematográfico — especialmente no modo Kurosawa, em que o som e a arte mudam completamente, criando uma experiência quase nova.
Entre os modos disponíveis, meu favorito foi o modo Mike. Ele traz mais gore e uma câmera mais fechada, aumentando a tensão dos combates. Já o modo Watanabe é mais indicado para explorar o mapa.
CONSIDERAÇÕES FINAISMas nem tudo são flores: a direção das cutscenes fora da gameplay ainda é fraca, lembrando bastante Horizon Zero Dawn; algumas animações poderiam ter mais detalhe, e certas áreas do mapa carecem de polimento — sem falar na água, que continua decepcionante (kkk).
Assim como no primeiro jogo, jogar no modo normal não oferece muito desafio. No difícil, a experiência é mais justa e recompensadora — mas isso é mais um reflexo do cenário atual dos games do que um defeito exclusivo do título.
VEREDITO
Ghost of Yōtei é uma continuação que honra o legado de Ghost of Tsushima, expandindo seu mundo, sua emoção e sua beleza. É uma experiência marcante, equilibrando ação, narrativa e arte com maestria.